Carlo
Celso Lencioni Zanetti
Envelheci !
O viço da alma que se
mantém intacto
não encontra parceria
no corpo cansado.
As melodias da minha
vida se transformaram.
As canções dos
Beatles...
My
girl envelheceu
comigo,
Yesterday se fez mais longe,
Lennon e Harrison se
foram.
Hoje, Piazzola me dá
o tom,
Anos de solitude,
canções da
soturnidade,
Jacques Brel,
Ne
me quite pas.
E tenho que seguir em
frente
sabendo que me
restará,
ao final de tudo,
o fim do nada mais.
Por isso, danço minha
dança triste,
um tango lunfardo que
me restou.
Bailo com jovens
imagens
congeladas no
pensamento,
mas perdidas no
horizonte
que não descortino
mais.
A alma faz-me sentir
o viço da juventude,
o corpo me diz que
não;
sinto-me chama a
lutar contra o vento,
temendo apagar;
revejo meus
fantasmas,
meus temores, minhas
perdas,
a aceitação do que
tive,
a falta de
atrevimento
para ter o que
sonhava.
Do que fiz não me
lamento
pois, vivi bem vivida
a vida que escolhi
viver;
a reclamar, somente
o que não arrisquei
fazer.
E sigo nesta dança
triste,
no tango lunfardo que
me restou,
até o último som
calar
e a derradeira luz se
apagar.
Academia Caçapavense de Letras
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