domingo, 6 de novembro de 2011

Desacelere-se


A vida por sua correria impõe que tomemos uma decisão, de modo a colocar o pé, bruscamente, em seu freio, pois como diz meu irmão Leandro:  ‘Se não se der um jeito na vida a vida dá jeito na gente.’

... e Babau seu Nicolau !

Nesta teoria, além de tirar o pé do acelerador coloquei bruscamente no freio e decidi que as sextas feiras passaram a ser dedicadas somente a mim.

Aluguei uma casinha no interior de uma fazenda por R$ 200,00, que se diga é o melhor investimento que fiz até hoje e para lá sigo logo de manhã e com poucas tralhas, tal como a viola (aprendiz) um tocador de cd e algumas frutas e durante o dia faço ali programadamente nove coisas, ou seja: as primeiras: leio, durmo e ouço música;  as segundas: ouço música, leio e durmo e as terceiras: durmo, ouço música e leio.  Não necessariamente nesta ordem.

Mas hoje quebrei esta rotina, pois apareceu lá o Cido, um caseiro bom de papo que mora nas redondezas, e ficamos numa boa “Conversa Fiada” e me falou que na vida tem-se mesmo que tomar decisão tal como tomei, que embora drástica necessária.

Na continuidade contou-me um causo de outro caseiro do pedaço que também está desacelerando, assim:  ‘Vicentinho foi procurado pelo sitiante Chico Silva para que fizesse um capina na chácara e acertaram para ver o trabalho.  Ali chegando Vicentinho, não muito animado, olha bem para o tamanho da área a ser carpida e faz a seguinte observação:  ‘Chico, pelo que tou vendo o capim tá muito arto para sê carpido e muito baixo pra sê roçado, então é melhor deixá do jeito que tá, pois não vou fazê o serviço não”.

Pensei comigo: Que bela desacelerada que o Vicentinho deu.

Outro dia um colega advogado, que está no pique total, foi me fazer uma visita e ali ficou cerca de uma hora, mas observava que ele estava incomodado pelo silêncio, o canto dos pássaros e o barulho dos ventos nas árvores, que somente não tinha ido embora por vergonha.

Passados alguns instantes ele se levantou e me disse:  Baiano, meu apelido, não sei como você consegue vir para cá todas sextas feiras, aqui não tem nada pra fazer e então lhe perguntei:  E você quer melhor coisa que isto.  Vir para um lugar onde não se tem nada para fazer ?  Desenxabido saiu de fininho.

Contei isto pro Cido e ele, com seu jeito caboclo somente meneou a cabeça manifestando sua concordância com a importância do ‘não se fazer nada’.

A conclusão é muito simples: é melhor desacelerar do que ser dasacelerado pela vida.


Brasilino Neto.  
Membro da Academia Caçapavense de Letras

Um comentário:

  1. Bom Dia, Brasilino !

    Além de morar em cidade pequena (30Mil) mesmo assim, ainda, moro no interior 5 km da sede, onde trabalho. Sempre tive opção pelo simples, pois de complicado basta as leis que rege o universo e a vida como um todo. Conheço um pouco deste Brasil desde o NE até Extremo sul(Chuí) (além de alguns pequenos tur em TangoLand(Argentina)e Uruguai(pedaço de terra que nos escapou ,por pressão inglesa)e o que sobrou da faxina perpetrada pelo Conde d’ Eu dos Guaranis)Mesmo assim não estou isolado,alem da Internet que nos liga ao mundo, sou também Radioamador,que antes da internet já me tornava cidadão universal.
    Sugestão:
    Poste algumas fotos desse recanto.
    Saúde
    SSS
    JATeixeira

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