domingo, 8 de janeiro de 2012

Perguntei à Lua.

Brasilino Alves de Oliveira Neto

Não há mais o que fazer, pois há anos ando a procura da mulher que amo e não a encontro.

Segui caminhos tortuosos e retos, largos e estreitos, curtos e longos, aprazíveis e desconfortáveis, sempre à sua procura e nada de encontrar.

A solidão por isto é sempre minha companheira.

Contei nesta caminhada com tudo de poesia, esperanças e felicidades que a vida me oferta para encontrá-la, mas isto não se deu e eu continuo em minhas andanças.

Em uma delas, colhido pelo cansaço, num princípio de entardecer, recostei-me na mureta de uma pequena e acolhedora cachoeira, onde de seus respingos nascera um lindo pé de margaridas brancas, e tão alvas quanto os primeiros lindos raios emanados da Lua na fase Nova.

Olhando para os céus, vislumbro sua imensidão e imagino o quanto hei de caminhar para que este encontro se dê.

Mas a esperança deste encontro, mesmo sem saber quando se dará me conforta e ali adormeci à luz da Lua que tomava o firmamento.

O sonho que tinha acordado perdurou no sono e continuei pensando na mulher que busco.

O brilho da luz do luar que envolve todos os enamorados envolvia meu ser e o sonho que tenho em encontrá-la.

Surge neste sonho um Anjo, que tinha a beleza e encantos do rosto que lhe imagino e não me contive com tanta beleza e não queria jamais acordar, quando dele ouvi: Queira sim acordar e depois Pergunte à Lua onde você pode me encontrar ?   E ela, se acreditar realmente no amor que você me devota,  te dirá.

Relutante despertei, olhei para a Lua e disse a ela o amor que lhe dedicava e perguntei como e o que deveria fazer para poder encontrá-la ?

Observei que a Lua não acreditou plenamente na declaração de amor que lhe fiz.

Mas mesmo assim respondeu-me que deveria seguir as trilhas que iluminava e ao amanhecer, quando seus raios já estivessem ofuscados pela luz do Sol, na casa branca à beira do caminho, com tem pés de margaridas também brancas, que colhesse uma delas e a despetalasse com o bem-me-quer e mal-me-quer e se a pétala final fosse do bem-me-quer, ali poderia encontrar a quem há anos busco. 

Sai apressadamente, mas fui alertado pela voz da Lua que não adiantava correr, pois somente após seus raios estarem ofuscados pela luz do sol é que me seria possível a chegada ao lugar.

Diminui meus passos, mas meu coração continuava em desabalada carreira, batia além de sua capacidade, pois tinha um só objetivo: Encontrar a mulher que busco, tal como sempre a imaginara e com ela ficar.

Amanheceu o dia,  os raios solares surgiram e encontrei a casa branca com margaridas no jardim. Entrei e colhi uma delas com a esperança de que a última fosse a bem-me-quer, e daí nosso encontro.

Tremia de medo e meu coração batia célere e descompassadamente.

Neste instante abre a porta e surge uma linda moça vestida de branco, com os encantos e beleza do Anjo que no sonho me aparecera.  Iniciei o despetalar da margarida começando pelo bem-me-quer.

A penúltima pétala foi a do mal-me-quer e iniciei minha caminhada na direção daquele Anjo que estava à minha frente, imaginando-me ter encontrado a mulher a quem dedico minha incessante busca quando, sem qualquer palavra, ela deu um passo para trás e fechou a porta.

Foi quando puxei a última pétala que era a do bem-me-quer, tudo de forma que se cumprisse a profecia que a Lua me fizera, pois era tudo o que eu queria e acreditava.

Porém, a pétala do bem-me-quer se parte ao meio, fazendo-me entender que a Lua, a quem eu fizera a pergunta, não acreditara no amor que eu havia lhe declarado e não me entregou a mulher a quem continuarei buscando.

Podem passar anos, séculos, eras e até mesmo tempos infinitos, continuarei em sua busca, em sua procura, pois preciso de você para ser feliz.

Venha !

Academia Caçapavense de Letras

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