Querido neto já há algum tempo que você não
passa por aqui, e eu tenho sentido muitas saudades.
Você deve ter se lembrado que ontem foi o ‘Dia da
Avó’, mas por certo não teve tempo, pelo seu corre-corre de dar uma passadinha aqui
para me trazer de presente aquele gostoso abraço.
Mas eu fechei os olhos e fiquei imaginando você chegando
e me abraçando (mesmo sabendo que eu estava me enganando), e fiquei feliz com o
imaginário abraço.
Mas eu não vou fazer isto sempre não !  Não quero receber somente imaginado abraço,
quero receber abraço de verdade, Vó precisa disso !
Deixe-me falar somente uma coisinha que você não
dever ter percebido, é que eu fico muito sozinha e às vezes (que não são
poucas) sinto até mesmo um pouco de solidão e quando você vem me visitar me faz
um bem danado.
Ah sim, outra coisinha (desculpe-me, mas Vó é assim
mesmo, cheia de coisinha), eu já estou com idade avançada e quando mais nos
encontrarmos será melhor para nós dois.
Digo isto, pois sei eu você me ama como eu também te
amo muito e se ocorrer qualquer coisinha (olha ela aqui outra vez) nos sentiremos
confortados pelos bons momentos que passamos juntos, pois lembrança para nós
que já estamos mais velhinhos é uma coisinha (!) muito boa.  Principalmente boas lembranças, como a dos
abraços e carinhos que você me dá.
Meu Neto, não repare não nos errinhos e nas palavras
que usei para escrever este bilhete para você, quero sim que você observe o
pedido que estou fazendo, de que apareça mais vezes, pois hoje na vida
moderna neto não lembra muito da Vó mesmo, mas eu, ao contrário, que não sou da
‘vida moderna’, lembro-me todos os dias de você.
Mas não se sinta culpado por você vir pouco aqui na
minha casa e me dar uns abraços, pelas atribulações de seus dias, pois continuo
gostando de você do mesmo jeito (ou até mais, pois fico imaginando que se eu
gostar mais de você ai você aparece mais aqui).
Meu neto receba meu carinhoso beijo.  Eu amo muito você.
Sua Vó.
Brasilino Neto.
 Membro da Academia Caçapavense de Letras.
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